quarta-feira, 15 de julho de 2009

Caminhos


O texto de hoje foi feito para participação na última Tertúlia Virtual, belíssima iniciativa do Jorge Pinheiro (Expresso da Linha) e Eduardo P.L. (Varal de Idéias) que hoje se encerra.

O tema é livre, então resolvi abordar uma questão que me intriga bastante.

Será que realmente temos que trilhar o caminho do sofrimento em tudo que nos cerca?

Ok, fomos criados vendo a dor do Cristo Crucificado, vivendo as atrocidades das guerras.

Violência, insatisfação, infelicidade, injustiça, desrespeito e doença permeiam tanto o nosso cotidiano que quase percebemos mais.

Talvez porque começamos muito cedo: nos seriados infantis (quem nunca assistiu ao Lobo Bobo do desenho do Papa-Léguas se ferrando sempre, ou o simpático do Tom sendo sacaneado pelo Jerry), ou nos filmes de ação, de guerra, policiais, aventuras, tele-jornais e jornais todos sempre com uma inacreditável fluência nos desastres, catástrofes, mortes e toda a sorte de dor e sofrimento.

É triste constatar, mas nossa a vida gira ao redor da dor.

O que não entendo é que se somos seres dualísticos, de sim e de não, de certo e errado, bonito e feio, bem e mal (tenho um texto sobre o assunto: veja aqui) então deve existir o lado oposto da dor e do sofrimento como uma escolha real e possível.

Diremos imediatamente: Existe é claro: é o amor, a alegria, o prazer, a saúde.

Mas a questão não é existir o oposto, sabemos que ele existe.

O problema é saber o porquê não o escolhemos. O que nos motiva verdadeiramente a escolher um ou outro caminho?

Será que há uma motivação genética ou social para isso? e os outros milhares de fatores, como interferem; onde entra o ambiente, a religiosidade, a mente, a inteligência, o coração?

Como ainda não tenho a menor idéia de uma resposta, então deixo uma pergunta:

Se a escolha é fácil, porquê é tão difícil colocá-la em prática?


20 comentários:

Ana Filipa Oliveira disse...

Reflectir é preciso! Obrigada por inquietar as nossas mentes e a nossa interioridade. Até breve!

chica disse...

Uma bela e profunda reflexão para nos deixar nessa última Tertúlia. Lindo!abração e tudo de bom,chica

Anônimo disse...

Tema profundo, e como já disse a Ana Filipa ´pe preciso meditar! Mas isso farei na próxima visita! Agora quero agradecer muito sua brilhante participação nesta última rodada da TERTULIA que ficou maior com seu post.

Forte abraço

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

querido Evandro ... esta é mais uma questão para inquietar-nos ... a dualidade do ser sempre passa por estas contradições ... o bem e o mal ... a alegria e a tristeza ... a dor e o orgasmo ... enfim ... a dualidade que se complementa sempre e que dá sentido umas às outras ...

parabéns pela contextualização

;-)

Luciana disse...

Oi, Evandro. Seu texto nos coloca a refletir muito sobre como direcionamos nossa vida. É verdade que estamos cercados de influências negativas por todo lado, e isso realmente reflete no nosso modo de vida. O nosso dia-a-dia é o maior vilão nessa história toda, na minha opinião. Somos seres sucetíveis a aceitarmos as coisas negativas em nossa vida. Parece até que "gostamos" de sofrer... A verdade é que estamos tão acostumados a levar uma vida assim, aceitando o negativo como se fosse normal, que acabamos por achar, mesmo que inconscientemente, que a vida é isso mesmo. E, sendo assim, só mesmo nos conscientizando de que podemos levar uma vida diferente, é que podemos, quem sabe, mudar nosso estilo de vida, nosso modo de pensar a vida, de se relacionar com ela.

Muito bom o texto, porém é um tema muito complexo. As respostas? Não tenho pra te dar, infelizmente. Acho que viver é mesmo um aprendizado constante.

Beijos!

Nanda Botelho disse...

Acho que a prática demanda esforço, persistência e dedicação, como somos ainda muuito infantis, queremos pular essa parte chata!

Não consegui me inscrever, mas estou participando!

http://multiplasrealidades.blogspot.com

Bjs!

FaBiaNa GuaRaNHo disse...

Pois é, e se podemos escolher não sofrer, lhe digo.
VOLTA TERTÚLIA!!!

Unknown disse...

Fácil? essa pergunta é bem difícil!Será que temos hipótese de escolha mesmo? Ou será que o caminho é ínico e apenas nos mostram as alternativas para mostrar como seria?
Parabéns pelo texto. Acima de tudo, pela pergunta!

Marcos Rittner - Author disse...

Você faz a pergunta que deve ser feita. E é nossa obrigação nos perguntarmos e respondermos.

Perfeito o questionamento.
Sem questionar, para que viver?
A diferença que uma vida faz são suas escolhas.

Como fazer uma escolha sem questionar? Isso seria tirar cara-ou-coroa.

Sobre a rota do sofrimento em si, li uma estória criticando profunda e duramente a Madre Tereza de Calcutá, que achei plausível, cujas práticas seriam permitir a todos os "ajudados" por ela a sofrer tudo o que podiam pois esta prática os purificava.

Temos a escolha. Moldamos como vemos o mundo. Criamos nossa realidade. Produzimos LUZ ao resistir às condições que nos são apresentadas, e agimos de acordo como Criadores.

Há sim uma motivação genética, química, para usufruir das sensações de dor e sofrimento, incrementadas pela pressão social.

Como foi na sociedade que viu nascer a burguesia. Era de interessa da elite que os trabalhadores explorados pelo recém criado regime econômico se contentassem em sofrer e economizar muito para NO FUTURO terem a alegria e satisfação.

Isso é tema para outro post.
Inté!

Renata Peixoto disse...

Evandro, fechou com chave de ouro sua participação na Tertúlia, hein!
Parabéns
Beijão

Dexter disse...

Prdão amigo, mas a escolha não é fácil.
Escolher significa abrir mão, renunciar algumas coisas. Renunciar não é nada fácil, pelo menos pra mim.
Mas seu texto ta muito bom.

Abraço.

Dedinhos Nervosos disse...

Bem profundo, o texto. Adorei. Acho que os motivos são muitos: preguiça de percorrer um caminho que possa dar um pouco mais de trabalho, mas que leve a uma real satisfação. Sentimentos, que nos deixam cegos e burros. Mas tem gente que gosta mesmo é de sofrer. Rs
Vc arrasou. Beijos!

Paula Barros disse...

Esse assunto daria uma boa conversa...confesso que fiquei com vontade de conversar.

Particularmente esse assunto me intriga muito, e na minha história de vida tem muito da criação. Já tentei mudar, diminuir as influências, algo que me ajuda a dois anos foi ver menos telejornal, mas é muito difícil.

Me analisando descobri que tem uma história passada de geração a geração- exemplo: esses meninos estão rindo demais, é sinal de choro....estão brincando assim e logo vão cair...cuidado com isso, cuidado com estranho, quem ajuda os outros carrega o diabo nas costa...e ficamos sempre na expectativa do ruim. Tem também a contribuição da religião, onde tudo é castigo, é errado.

E após essas reflexões percebi que é quase como se não tívesse escolha, porque é tão arraigado, está no inconsciente, que quando vemos estamos exagerando no sofrimento.

(é difícil resumir num comentário)

Até as conversas que tem mais atenção são as tristes, quase ninguém fala das alegrias, dos amores, dos avanços profissionais, ....é sempre problemas amorosos, financeiros, de chefe que persegue no trabalho.

Vou indo com vontade de conversar rsrs

Estou feliz em estar no Rio, coloquei um foto tirada o ano passado do Arpoador.

Wanderley Elian Lima disse...

Caro Evandro, a gente se acostuma. Acostuma com a dor, com a miséria ,com as injustiças, com o desamor. E de tanto acostumar vamos nos perdendo de nós mesmos.
Abração

Mari disse...

Fala,amigo

Não acho que nem a escolha é fácil!!O mundo globalizado e a sociedade capitalista nos fornece muitas opções que são responsáveis pela ambição desmedida ,injustiças e egoísmo.Mas,a reflexão é boa!

Não participei da Tertúlia porque não consegui me inscrever...
Mas,pelo jeito vem novidades por aí e vou participar!
Abraço

Vênus disse...

Oi,querido Vavá

Sabe,nunca acreditei que viemos à Terra para sofrermos.Creio sim que somos frutos de uma lei de atração,ou mesmo de causa e efeito...mas,muitas vezes me intriga a dor daqueles tão inocentes...aí vem a minha escolha de acreditar na reencarnação...
Isso dá pelo menos 4 horas de papo!!rs

Beijo

Adorava as tertúlias....e agora?

Compondo o olhar ... disse...

adorei seu texto... faz ficarmos inquietos e refletir bastante!!! pena que esta seja a última tertulia, mas com ela fica a amizade e o carinho que ela nos proporcionou a todos nós!!! aguardamos novos projetos destes amigos incriveis...

bjocas

ps: tbm participo.

Mylla Galvão disse...

Gostei do texto dualista...
Tb participei do Tertúlia...
Mas o Ser humano não sabe lidar com a dor, com o sofrimento...
Se sofre coloca sempre a culpa em alguém ou alguma coisa...
Deus, Jesus Cristo... são seres perfeitos... impassíveis ao erro...
Se sofremos é pq erramos em outras vidas... se vc acredita em reencarnação... Se não, fica mais difícil de explicar...
Suas respostas poderão ser respondidas se vc ler as obras de Allan Kardec com atenção!!!
Abraços

Eduardo Santos disse...

Olá amigo. Ora aí está uma boa pergunta à qual dificilmente terá resposta.Respondo-lhe com outra pergunta: será que a escolha é mesmo nossa? Não teremos que estar sempre sujeitos ao bem e ao mal, mesmo sem escolhas? É pior de responder que o ovo e a galinha, qual deles nasceu primeiro. Vamos levando as coisas brincando, porque não é preciso pensar muito e isto de pensar dá muito trabalho... Um abraço.

Ananias Duarte disse...

Mestre Evandro ...
Penso que o nosso apego pela DOR, pelo sofrimento se deve ao fato de sermos CRISTÃOS.
A base filosófica do cristianismo é o sofrimento, o martírio, a dor.
Veja o maior, aliás único, símbolo desta seita: a CRUZ. Melhor: o CRISTO CRUCIFICADO!!!!
Ora, pergunto eu: por que não poderia ser outra imagem do CRISTO?!
Não, não poderia ser. Pois o cristianismo cativa, catequiza o infeliz pelo medo, pela dor. Demônios e infernos!
Assim, enquanto formos educados nos ensinamentos do cristianismo, seremos escravos da dor e do sofrimento.
abraços e parabéns pelp texto, muito bem feito, diga-se de passagem!

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