terça-feira, 28 de julho de 2009

Dudu e o Pai Nosso


Todo dia antes de dormir eu ou Márcia temos o hábito de rezar com o Dudu.
Se esquecemos, ele nos chama... pai, mãe... vem rezar comigo!?

Mas nem sempre ele está com muita vontade de rezar, às vezes porque estava jogando ou vendo tv, às vezes porque é coisa de criança mesmo.

Ontem foi ligeiramente diferente, Dudu estava meio amuado e sem paciência, mas ainda assim a Márcia insistiu para rezarem:

Márcia:

... Anjinho da guarda nosso amiguinho, guarde e nos conserve sempre no bom caminho

Dudu :

... Em nome do Pai, Do Filho e Do Espírito Santo

- Ahhh Némmm !!!

PS: Acho que ele lembrou do Causo do Lambisomen (clique aqui se quiser relembrar do causo)



segunda-feira, 27 de julho de 2009

Balas perdidas


Balas perdidas por aí...e até hoje nenhuma iniciativa do estado pra resolver essa vergonha.

Tem coisas que ficam girando na minha cabeça e depois descer ainda ficam entaladas na garganta.

Se não conseguimos resolver a questão das armas, não seria razoável ao menos normatizar a fabricação das munições?

Não é muito mais fácil ir na origem do problema e pensar uma solução do que ficar cuidando das consequências?

Não entendo porque hoje em dia ainda é preciso fabricar balas com altíssimo poder de letalidade e destruição.

Me parece muito mais sensato e menos oneroso, especificar balas e munições com poder de fogo menor.

Há também a questão dos impostos, qual será o imposto sobre esses artefatos?

Deveria ser altíssimo.

É certo que há o contrabando, venda ilegal etc, mas se pelo menos tivéssemos algum avanço por aqui, já se teria economizado algumas vidas.


quarta-feira, 22 de julho de 2009

Curtinha Infame...

Sabe por que Minas não tem mar ?

É porque os mineirins quando teminam de rezar o painóço, cheios de fé, dizem :

".... mas livrai-nos do "mar", amém."

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Libertadores

Como alguns sabem, sou Flamenguista, meio de araque é verdade, e ultimamente sofredor e vivendo de passado, pois não como negar que o MENGÃO não tem conseguido se sair muito bem no Brasileirão, principalmente ontem quando levamos mais um esfrega, agora do Palmeiras.

Mas o assunto é outro.

Aqui em Belo Horizonte, ontem foi dia a final da Taça Libertadores das Américas, jogão, ingressos esgotados, tudo preparado para uma baita comemoração.

Aqui em BH, a relação entre Cruzeiro e Atlético é tensa, talvez fruto de haver apenas dois times, e a rivalidade ser alimentada desde que a criançada já começa a tomar um pézinho.

O que me surpreende nessa relação Galo x Zero não é a rivalidade propriamente em si, mas o sentimento que uma torcida alimenta em relação a outra.

Eu explico: Moro num bairro predominantemente Atleticano, até brinco que é um bairro tranquilo, visto que raramente há comemoração de algum título (tomará esse ano eu esteja enganado e seja diferente).

Mas o que realmente não consigo entender é essa coisa do gostar de ver o time adversário perder.

Dou um exemplo muito representativo dessa minha observação: Domingo passado clássico em Minas Gerais: Jogaram Cruzeiro e Atlético. Resultado 3 a 0 pro Galo.

Final de Jogo, comemorações, um tanto modestas no meu bairro, alguns gritos esparsos, nenhum e-mail gozando os perdedores, dia seguinte absolutamente normal.

Ontem, final de libertadores: Estudiantes 2 x 1 Cruzeiro, final, fogos, gritos, alegria, muita buzina até altas horas da madrugada.

Dia seguinte: Gritos de Galoooo, buzinas, fogos, vários e-mails sacaneando o perdedor, motoqueiros ostentando cores do Estudiante.

Talvez, se fossemos mais nobres seria correto nos unirmos e torcermos por um time brasileiro ganhar uma final da libertadores, principalmente se tratando de um time argentino, mas compreendo também que essa nobreza é coisa para poucos.

Confesso, que não entendo essa paixão.

Nada contra as gozações de um rival em relação ao outro, o surpreendente mesmo é ver que a vibração pela derrota do adversário é sempre muito maior que a própria vitória contra o adversário. Vai saber por quais caminhos acontecem essas coisas...


quarta-feira, 15 de julho de 2009

Caminhos


O texto de hoje foi feito para participação na última Tertúlia Virtual, belíssima iniciativa do Jorge Pinheiro (Expresso da Linha) e Eduardo P.L. (Varal de Idéias) que hoje se encerra.

O tema é livre, então resolvi abordar uma questão que me intriga bastante.

Será que realmente temos que trilhar o caminho do sofrimento em tudo que nos cerca?

Ok, fomos criados vendo a dor do Cristo Crucificado, vivendo as atrocidades das guerras.

Violência, insatisfação, infelicidade, injustiça, desrespeito e doença permeiam tanto o nosso cotidiano que quase percebemos mais.

Talvez porque começamos muito cedo: nos seriados infantis (quem nunca assistiu ao Lobo Bobo do desenho do Papa-Léguas se ferrando sempre, ou o simpático do Tom sendo sacaneado pelo Jerry), ou nos filmes de ação, de guerra, policiais, aventuras, tele-jornais e jornais todos sempre com uma inacreditável fluência nos desastres, catástrofes, mortes e toda a sorte de dor e sofrimento.

É triste constatar, mas nossa a vida gira ao redor da dor.

O que não entendo é que se somos seres dualísticos, de sim e de não, de certo e errado, bonito e feio, bem e mal (tenho um texto sobre o assunto: veja aqui) então deve existir o lado oposto da dor e do sofrimento como uma escolha real e possível.

Diremos imediatamente: Existe é claro: é o amor, a alegria, o prazer, a saúde.

Mas a questão não é existir o oposto, sabemos que ele existe.

O problema é saber o porquê não o escolhemos. O que nos motiva verdadeiramente a escolher um ou outro caminho?

Será que há uma motivação genética ou social para isso? e os outros milhares de fatores, como interferem; onde entra o ambiente, a religiosidade, a mente, a inteligência, o coração?

Como ainda não tenho a menor idéia de uma resposta, então deixo uma pergunta:

Se a escolha é fácil, porquê é tão difícil colocá-la em prática?


segunda-feira, 13 de julho de 2009

Coisa de doido...















Recebi esse texto da amiga Adriana, uma pérola que descreve com capricho um pouquinho da línguagem das Minas Gerais.

E registro, foi por essas e outras que vim para Minas e casei com uma Mineirinha.

O SOTAQUE DAS MINEIRAS
Felipe Peixoto Braga Netto (1973) afirma que não é jornalista, não é publicitário, nunca publicou crônicas ou contos - não é, enfim, literariamente falando, muita coisa, segundo suas próprias palavras. Paulistano, mora em Belo Horizonte e ama Minas Gerais. Ele diz que nunca publicou nada, mas a crônica que abaixo foi extraída do livro 'As coisas simpáticas da vida', Landy Editora, São Paulo (SP) - 2005, pág. 82.
O SOTAQUE DAS MINEIRAS
(F.P.B. Netto)

O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou engordar.

Afinal, se tudo que é bom tem um desses horríveis efeitos colaterais, como é que o falar sensual e lindo das moças de Minas ficou de fora?

Porque, Deus, que sotaque! Mineira devia nascer com tarja preta avisando: 'ouvi-la faz mal à saúde'. Se uma mineira, falando mansinho, me pedir para assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz de perguntar: 'só isso?'.

Assino, achando que ela me faz um favor.

Eu sou suspeitíssimo. Confesso: esse sotaque me desarma.

Certa vez quase propus casamento a uma menina que me ligou por engano, só pelo sotaque.

Os mineiros têm um ódio mortal das palavras completas.

Preferem, sabe-se lá por que, abandoná-las no meio do caminho. Não dizem: pode parar, dizem: 'pó parar' Não dizem: onde eu estou?, dizem: 'onde queu tô.'

Os não-mineiros, ignorantes nas coisas de Minas, supõem, precipitada e levianamente, que os mineiros vivem - lingüisticamente falando - apenas de uais, trens e sôs.

Digo-lhes que não. Mineiro não fala que o sujeito é competente em tal ou qual atividade. Fala que ele é bom de serviço.

Pouco importa que seja um juiz, um jogador de futebol ou um ator de filme pornô.

Se der no couro - metaforicamente falando, claro - ele é bom de serviço. Faz sentido...

Mineiras não usam o famosíssimo tudo bem. Sempre que duas mineiras se encontram, uma delas há de perguntar pra outra: 'cê tá boa?'
Para mim, isso é pleonasmo.

Perguntar para uma mineira se ela tá boa é desnecessário...

Há outras. Vamos supor que você esteja tendo um caso com uma mulher casada. Um amigo seu, se for mineiro, vai chegar e dizer: - Mexe com isso não, sô (leia-se: sai dessa, é fria, etc)

O verbo 'mexer', para os mineiros, tem os mais amplos significados. Quer dizer, por exemplo, trabalhar. Se lhe perguntarem com o que você mexe, não fique ofendido.

Querem saber o seu ofício.

Os mineiros também não gostam do verbo conseguir.

Aqui ninguém consegue nada.
Você não dá conta. Sôcê (se você) acha que não vai chegar a tempo, você liga e diz: '- Aqui, não vou dar conta de chegar na hora, não, sô.'

Esse 'aqui' é outra delícia que só tem aqui. É antecedente obrigatório, sob pena de punição pública, de qualquer frase. É mais usada, no entanto, quando você quer falar e não estão lhe dando muita atenção: é uma forma de dizer 'olá, me escutem, por favor'. É a última instância antes de jogar um pão de queijo na cabeça do interlocutor.

Mineiras não dizem 'apaixonado por'. Dizem, sabe-se lá por que,'apaixonado com'.

Soa engraçado aos ouvidos forasteiros. Ouve-se a toda hora: 'Ah, eu apaixonei com ele...'

Ou: 'sou doida com ele' (ele, no caso, pode ser você, um carro, um cachorro).

Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, com
todo respeito, a mineira. Nada pessoal. Aqui certas regras não entram. São barradas pelas montanhas.

Por exemplo: em Minas, se você quiser falar que precisa ir a um lugar, vai dizer: - 'Eu preciso de ir..'

Onde os mineiros arrumaram esse 'de', aí no meio, é uma boa pergunta... Só não me perguntem!

Mas que ele existe, existe.

Asseguro que sim, com escritura lavrada em cartório.

No supermercado, o mineiro não faz muitas compras, ele compra um tanto de coisa. O supermercado não estará lotado, ele terá um tanto de gente. Se a fila do caixa não anda, é porque está agarrando lá na frente.

Entendeu? Agarrar é agarrar, ora!
Se, saindo do supermercado, a mineirinha vir um mendigo e ficar com pena,suspirará:

'- Ai, gente, que dó.'
É provável que a essa altura o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras... Não vem caçar confusão pro meu lado! Porque, devo dizer, mineiro não arruma briga, mineiro 'caça confusão'.

Se você quiser dizer que tal sujeito é arruaceiro, é melhor falar, para se fazer entendido, que ele 'vive caçando confusão'.

Ah, e tem o 'Capaz...'
Se você propõe algo a uma mineira, ela diz: 'capaz' !!!

Vocês já ouviram esse 'capaz'?
É lindo. Quer dizer o quê? Sei lá, quer dizer 'ce acha que eu faço isso'!? com algumas toneladas de
ironia.. Se você ameaçar casar com a Gisele Bundchen, ela dirá: 'ô dó dôcê'. Entendeu? Não? Deixa para lá.

É parecido com o 'nem...' . Já ouviu o 'nem...'?

Completo ele fica: '- Ah, nem...' O que significa? Significa, amigo leitor, que a mineira que o pronunciou
não fará o que você propôs de jeito nenhum. Mas de jeito nenhum.

Você diz: 'Meu amor, cê anima de comer um tropeiro no Mineirão?'.

Resposta: 'nem...'

Ainda não entendeu? Uai, nem é nem. Leitor, você é meio burrinho ou é impressão?

Preciso confessar algo: minha inclinação é para perdoar, com louvor, os deslizes vocabulares das mineiras. Aliás, deslizes nada. Só porque aqui a língua é outra, não quer dizer que a oficial esteja com a razão.

Se você, em conversa, falar: 'Ah, fui lá comprar umas coisas...'...

- Que' s coisa? - ela retrucará.
O plural dá um pulo. Sai das coisas e vai para o 'que'!

Ouvi de uma menina culta um 'pelas metade', no lugar de 'pela metade'.

E se você acusar injustamente uma mineira, ela, chorosa, confidenciará:

- Ele pôs a culpa 'ni mim'.

A conjugação dos verbos tem lá seus mistérios, em Minas...

Ontem, uma senhora docemente me consolou: 'preocupa não, bobo!'.

E meus ouvidos, já acostumados às ingênuas conjugações mineiras. nem se espantam.

Talvez se espantassem se ouvissem um: 'não se preocupe', ou algo assim.
Fórmula mineira é sintética. e diz tudo.

Até o tchau, em Minas, é personalizado. Ninguém diz tchau, pura e simplesmente.
Aqui se diz: 'tchau pro cê', 'tchau pro cês'.

É útil deixar claro o destinatário do tchau...

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