terça-feira, 31 de outubro de 2023

Barão do Ceará - Mirim - Rio Grande do Norte - Brasil

 






A ASCENSÃO DE MANOEL VARELLA DO NASCIMENTO


Texto de André Felipe Pignataro Furtado de Mendonça e Menezes
Sócio do IHGRN

A mística que envolve Manoel Varella do Nascimento, o Barão de Ceará-Mirim, é extraordinária. Seu nome persiste ao tempo e ainda ecoa por toda a cidade, e, também, pode-se dizer, por todo o Rio Grande do Norte. É, pois, atemporal. O Barão é como uma grife. E, por isso, é orgulho para Ceará-Mirim.

Câmara Cascudo, Nilo Pereira e Olavo de Medeiros Filho são leituras obrigatórias para conhecer a história do Barão. Dos referidos autores, sabe-se que Manoel Varella do Nascimento nasceu em 24.12.1803, em Ceará-Mirim, no sítio Veríssimo, localizado nas proximidades do Engenho São Francisco (atual usina), sede perpétua do seu baronato. Era filho de José Felix da Silva e Anna Teixeira Varella. Casou-se no dia 09.10.1839 com Bernarda Dantas da Silva, filha de Francisco Teixeira de Araújo e Izabel Dantas Xavier, no engenho Capella, também em Ceará-Mirim, de propriedade do pai da noiva. Em 08.07.1874, foi agraciado com o título nobiliárquico que o tornou célebre. Morreu em casa, em 01.03.1881, aos 77 anos.
Pouco se sabe sobre a primeira metade de sua vida e como fez fortuna. Magdalena Antunes, em sua obra Oiteiro: Memórias de uma Sinhá Moça, nos dá uma boa referência da visão de Manoel Varella para os negócios, ao narrar o episódio da compra da propriedade Ilha Bela a alguns caboclos, de modo a evidenciar o seu tino de empreendedor.
Cascudo, na Acta Diurna “O Barão do Ceará-Mirim”, de 03.01.1943 (A República), afirma que Varella começou como pequeno plantador e seu engenho era equipado com moendas de cilindro vertical. Posteriormente, trouxe cilindros horizontais de Recife e divulgou a cana caiana (cayenne). Mas não se sabe em qual período isso ocorreu.
Na mesma Acta, Cascudo informa que, em 24.04.1828, Varella, com apenas 24 anos, foi nomeado alferes por D. Pedro I. Parece-nos que é neste momento que começa a ascensão do futuro Barão. No ano seguinte, ele, alferes, foi eleito presidente da Câmara de Extremoz, para a legislatura de 1829-1832. Não é demais lembrar que Ceará-Mirim, antes chamada de Boca da Mata, estava inserida no território municipal de Extremoz. Apenas em 1858 é que houve a transferência da sede municipal para Ceará-Mirim, que foi elevada à condição de vila, ao mesmo tempo que Extremoz foi rebaixada à condição de povoado. Presidiu a Câmara, novamente, em 1837-1840. Em 1839, aos 35 anos, militar e liderança política local, casou-se com uma filha de senhor de engenho.

Pois bem. No último ano de Varella como presidente da Câmara de Extremoz, o imperador D. Pedro II alcançou a maioridade, pondo fim ao período regencial. A Câmara, então, seguindo os costumes da época, enviou o seguinte telegrama de felicitações, o qual foi publicado no jornal Correio Official, do Rio de Janeiro, de 09.10.1840:

“Ilm. e Exm. Sr. – A Câmara Municipal da Vila de Extremoz, província do Rio Grande do Norte, exultou de jubilo e concebeu as mais bem fundadas esperanças por ter S. M., o senhor D. Pedro II, assumido, no dia 23 de julho de 1840, a plenitude dos poderes, que, pela Constituição do Estado, lhe competem. O Brasil, de novo, encadeará na senda da brilhante carreira que lhe está designada pela providência.

Felizmente, este acontecimento veio dissipar o medonho aspecto dos males que estavam iminentes. Graças à divina providência, já nos é dado antolhar o nosso horizonte político desassombrado de tais névoas. Já contamos com mais garantias para a estabilidade de nossa santa religião, para a monarquia constitucional, finalmente para união e integridade do Império brasileiro.

Esta Câmara, Exmo.. Sr., penetrada de tais sentimentos, que qualifica como verdadeiramente patrióticos, depois de congratular-se com V. Ex. por tão fausto acontecimento, se apressa a manifestar por este meio, rogando à V. Ex., queira fazê-los presentes ao nosso Imperador e ao Ministério e fazer-lhes sentir que esta Câmara tem, por norte, a lei, distintivo à honra.

Deus guarde a V. Ex. Paço da Câmara Municipal da Vila de Extremoz, em sessão extraordinária de 19 de agosto de 1849.
Ilm.º. e Exmo.. Sr. Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Império Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva.
– Manoel Varella do Nascimento – Francisco da Rocha Bezerra Junior – Felippe Varella S. Thiago – Francisco de Paula Paiva – Francisco Bernardo de Gouvêa – Francisco de Paula Soares da Câmara – Francisco de Sousa Xavier”.

Outra importante informação acerca de como Varella ascendeu economicamente vem da publicação de um relatório assinado por João Carlos Wanderley, contendo as descrições pormenorizadas dos rios Ceará-Mirim e Maxaranguape, e de suas respectivas ribeiras, no jornal Correio Mercantil, do Rio de Janeiro, de 28.09.1848. Wanderley, que chegou a ser presidente da Província do Rio Grande do Norte, era, à época do citado relatório, secretário da presidência da província.

Entre tantos dados referentes aos mencionados rios, o relatório incluía os nomes e as qualificações dos donatários, as propriedades e as distâncias delas até a barra, com a identificação se na margem norte ou na margem sul.

O nome de Manoel Varella do Nascimento, qualificado como alferes e agricultor, aparece como donatário do sítio São Francisco, no lugar Jaçanã, distante cinco léguas e meia da barra do rio Ceará-Mirim, na sua margem sul. Ao ler os nomes dos demais donatários, é possível identificar, além do seu sogro Francisco Teixeira de Araújo (Capella), vários outros companheiros de Varella na Câmara de Extremoz, que assinaram o telegrama ao novo imperador, como Felippe Varella Santiago, padrinho de casamento do futuro Barão (Capoeira Grande), Francisco Bernardo de Gouvêa (Camurupim), Francisco de Paula (Boca da Ilha) e o tenente Francisco de Sousa Xavier, meu pentavô, além de outros nomes bastante conhecidos.

Sendo assim, pode-se ousar concluir que o futuro Barão do Ceará-Mirim, em que pese ter seus méritos na construção da sua fortuna, contou com a benevolência da Coroa – assim como ocorreu com outros grandes nomes de sua época, e em todas as Províncias do Império) –, que lhe doou o sítio a que veio chamar de São Francisco, em homenagem ao padroeiro da simplicidade e da humildade.

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Orville, não se preocupe, somos todos eternos!



A luz de Alpha_Centauri leva aproximadamente 4 anos para percorrer a distância até nós isso significa que estamos vendo o passado daquela estrela, assim como sabemos que a luz do sol leva sete minutos para chegar a terra, ao olhar para o céu, estamos sempre vendo um retrato do passado mais ou menos recente, no caso do sol são apenas 7 minutos no passado, no caso de Alpha_Centauri, são 4 anos.

Até aí tudo bem, aprendemos isso no segundo grau e não é nada que nos preocupe muito. Mas as coisas ficam realmente estranhas, se nos colocarmos como um observador lá em um hipotético planeta nas proximidades de uma estrela distante. Se lá houver uma civilização avançada com tecnologia e super telescópios capazes de observar a nossa vida aqui na terra.

O que aconteceria?

Como a luz leva 4 anos da estrela lá até aqui na terra, a luz levará 4 anos também da terra até aquele planeta.

Então, vamos pensar um pouco: se você for o objeto do estudo estudo e pesquisa, e os cientistas de Alpha_Centauri apontarem seus equipamentos pra você, eles vão te ver sua vida com 4 anos de atraso, ou seja, com 4 anos a menos do que você tem hoje.

Mas e se por uma infelicidade qualquer, você já tiver passado dessa pra melhor?

O nosso amigo cientista, vai ver você vivinho da silva, ou seja para um observador distante, você ainda estará vivo pelos próximos 4 anos !!!

Como assim ?

Se realmente a relatividade de Einstein for inviolável no quesito velocidade máxima da luz (cerca de 300 mil km/s), dependendo de onde você for bisbilhotado, você sempre estará vivo !!!

Claro, parece que faz sentido, e se colocarmos hipoteticamente observadores em planetas a 4, 5 , 6, 7 anos-luz e assim por diante te observando, cada um deles vai ver um retrato do seu passado. Quem estiver mais longe, mais novo vai te ver.

Mas vamos expandir essa ideia: Imagine agora que você está em 2019, tenha 19 anos, e seja bisbilhotado por alguém que esteja a 20 anos-luz de distância, o que a pessoa veria a seu respeito?

Nada! Sim, não veria nada porquê do ponto de vista dele você ainda não nasceu pra ele. Mas você já nasceu aqui ! Isso significa então, em tese, que de alguma maneira é possível que você esteja vivo e morto ao mesmo tempo.

Então, sempre, meu querido amigo Orville você além de estar sempre presente para nós aqui na Terra, estará também para alguém em algum lugar do Universo.  12/08/2019.




terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Um remédio às vezes amargo





Admitir ou não que uma empresa precisa de ajuda é uma barreira psicológica, que muitas vezes impede a recuperação de um negócio. Todos nós, em algum momento das nossas vidas, precisamos dar um passo atrás, rever decisões ou buscar amparo em profissionais mais experientes. É parecido quando espirramos, e em geral acreditamos que o espirro é um episódio esporádico com causa externa.

Se o corpo não repete o espirro, confiamos que está tudo bem. Afinal, a mente é assim: superada a consequência, tocamos a vida em frente sem muita preocupação com alguma sequela ou algo mais grave se avolumando. Mas se os espirros se intensificam ou surge uma coriza, então entendemos que é hora de tomarmos alguma providência, um antigripal e muitas vezes preferimos acreditar que está tudo bem, afinal confiamos na capacidade do sistema imunológico do nosso corpo.

E sim, realmente, muitas vezes o corpo se recupera superando aquele fato.
Mas, se não dermos importância e deixarmos a doença progredir, se instalando de maneira sorrateira até minar nossa resistência?

O resultado pode ser muito grave.

Às vezes, superar a inércia e o medo de que algo mais grave esteja acontecendo e perceber que os sintomas são sinais importantes de adoecimento levam um tempo precioso que o corpo não dispõe.

Nessa situação de agravamento, é iminente ir ao médico e buscar ajuda externa e cuidados, sem o que os resultados possam significar a diferença entre a vida e a morte.

Nas empresas não é diferente. Muitas vezes, os sinais aparecem de maneira quase imperceptível.

Pequenos desajustes, erros operacionais, reclamação de cliente, falta de caixa, atrasos nos recebimentos ou mesmo a queda nas vendas ou um pedido de demissão inesperado de algum profissional sem motivo aparente. Se não atentamos a esses fatos corriqueiros, podemos, sem perceber, deixar que a “doença” se instale gradativamente até que já seja difícil o “corpo/empresa” se recuperar por sua própria biologia interna.

A situação pode se agravar se gestores e acionistas levarem muito tempo para começar a perceber esse estágio e iniciar ações de cuidado.
Nesses casos, os cuidados internos, embora necessários, podem já não ser suficientes para estimular a recuperação da empresa/corpo adoecido.

Outro fator importantíssimo é a negação dos fatos. O exemplo do paciente, que imagina que o espirro é apenas um fator exógeno, muitas vezes, equivale ao de gestores que, mesmo com dados e sentindo os efeitos do adoecimento da sua empresa, entram num processo de negação da realidade e atribuem os reveses apenas a fatores externos, por exemplo, a crise, a situação econômica do País, a falta de incentivos ou mesmo o momento político atual.

A depender do tempo que se leva para entender e superar essa barreira psicológica de admitir sua própria responsabilidade, perdem-se as oportunidades de uma ação efetiva que poderia salvar o negócio de um destino fatídico.

Mas sabemos que a natureza humana tem essas contradições, então o que pode ser feito quando o corpo/empresa já adoecido não encontra meios e alternativas próprias para se recuperar? Ora, o mesmo que fazemos quando percebemos que é hora de ir ao médico.

Hoje já há no mercado brasileiro, empresas especializadas na gestão e recuperação de empresas adoecidas. São capazes, através de um diagnóstico preciso e com instrumentos modernos, avaliar quais intervenções são fundamentais à sobrevivência da empresa.

Profissionais sérios serão capazes de pontuar medidas e intervenções cirurgicamente calculadas para recuperação da organização. Isso porque eles verão o negócio com um olhar externo, ético e isento e sem os envolvimentos emocionais que permeiam e dificultam a tomada de decisões dos gestores e acionistas.

Mas há que se ter consciência, pois, assim como num paciente que já chega em estado de doença avançado, as intervenções poderão não gerar os resultados desejados, mas ao avaliar os riscos e benefícios, mas há que se ter coragem e humildade para pedir ajuda, pois essa pode ser uma alternativa para aumentar as chances de sobrevivência.

Mas há como prevenir a doença? Sim, não tenha dúvidas. Mas é preciso, periodicamente, procurar auxílio externo competente, isento e ético, além de ter um olhar atento sobre fatos e exceções nos processos diários. É importante que você avalie constantemente os riscos que essas anomalias podem causar. E, ao perceber que essas disfunções podem ser sinais de que algum desajuste maior, reúna sua equipe e discuta alternativas e soluções.

E mais: redobre a atenção sobre o feedback dos seus clientes e funcionários, agindo rapidamente em caso de necessidade. Por fim, admita que sua competência nem sempre é suficiente para consertar as coisas.

*Evandro Varella - Faculdade IBS/Fundação Getulio Vargas

Publicado No Jornal Diário do Comércio em 23/08/2016

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Perdão - Mais uma peça no quebra - cabeça


Recentemente li num post do amigo Rogério, um pequeno parágrafo que reflete bem, o que deveria ser o perdão, com o devido respeito e reverência copio aqui para futura referência e releitura:


"Só existe perdão, quando ele é unilateral; quando não se espera nada de quem foi perdoado; quando não se cria expectativa de uma retratação. Perdoar é um ato de amor muito difícil, pois ele não é, necessariamente, correspondido".


Rogério Monteiro Barbosa



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